segunda-feira, 26 de março de 2012

Poema: Atual

Eis então que é Atual?
Mas o que viria a ser o Atual?
Porque o ontem não foi Atual?
E Hoje estamos mais atrasados do que amanhã?
Vivemos escachando regras e extinguindo dogmas
Desde o português até as leis federais
Passando pelos negros e pelas ideologias cristãs
Chegando ao ponto que não há uma verdade absoluta
Quebremos todos os dogmas então
Quebremos todos os arranjos, todas as belas formas.
E ais sim verão o que nos sobra,
O que sobrar, esse sim, é puro, é original.
Não tenhamos medo!
Sejamos complacentes e intelectuais
Intelectuais?
Não vi, não ouvi, e vivi, sou intelectual?
Se a experiência não me basta, que sejamos sensitivos.
Sensitivos pra sabermos até onde ir, pra sabermos parar!
Porque o mundo pode até acabar no vigésimo primeiro dia do décimo segundo mês do décimo segundo ano desse século
Mas mesmo sem cronograma, acabaria ele.
Mesmo sem previsões, acabaria ele.
Mesmo sem intervenções, acabaria ele.
Pois ele é domado por Gente!
E gente não sabe até onde ir,
Gente não sabe se é passado, se é presente ou se é futuro,
Gente não sabe até o que é “Atual”
Gente como agente apenas vive
E por apenas viver, acabaria ele, de uma forma ou de outra!

(Rafael Ramos)

ANALISE

Analisando e comparando com algumas características do modernismo, temos as seguintes constatações sobre o poema.
Sobre a estrutura e aspectos métricos percebe-se que o autor utilizou do verso livre, por exemplo: sem rimas.
Já em relação à linguagem poética após se perguntar o que seria de fato o atual, ele faz uma pequena retrospectiva histórica para mostrar desde quando vivemos excluindo os dogmas e fugindo dos padrões: “Desde os portugueses até as leis federais”, do período da independência até o momento em que se quebram as regras atuais e em “passando pelos negros e ideologias cristãs”, onde os negros eram vistos como inferiores, animais e a mudança na religião devido a liberdade religiosa.
Afirma também, como a filosofia acredita, que não há verdade absoluta, e como uma das intenções do modernismo, era demolir os conceitos de preconceitos e desconstruir, “ai sim verão o que nos sobra, o que sobrar, esse sim é puro, é original”, o autor quis dizer que vai se reconstruir tudo com personalidade, ponto de vista , perspectiva deles, assim se assemelhando à obra de Feijão.
No trecho: “sejamos complacentes e intelectuais”, nos encoraja a exercitar a inteligência para pensarmos com as nossas próprias cabeças.
Outro fato importante é quando ele consegue mostrar que quem não tem a formação acadêmica também pode perceber a realidade à sua volta, devido ao seu grau de experiência, “não vi, não ouvi, e vivi, sou intelectual?”.
Mas se a experiência não for o suficiente, usa-se os sentidos, como na época das cavernas: “Se a experiência não me basta, que sejamos sensitivos”
Faz referência também, a uma das datas previstas para o fim do mundo 21/12/2012, no trecho: “Porque o mundo pode até acabar no vigésimo primeiro dia do décimo segundo mês do décimo segundo ano desse século”.
O mundo é dominado por gente que não sabe o que é “atual”, não sabe sobre sua realidade.
No trecho: “Gente como a gente apenas vive”, refere-se às pessoas que não se importam com as futuras consequências dos seus atos, e o autor é uma dessas pessoas.
Enfim, se conclui que de qualquer forma os humanos destruirão o mundo sem intervenção ou qualquer previsão e cronograma, “E por apenas viver, acabaria ele, de uma forma ou de outra”.

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