quarta-feira, 4 de abril de 2012

Jorge De Lima

JORGE DE LIMA

(1895 — 1953)

Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares (AL), em 23 de abril de 1893. Filho de José Mateus de Lima, um senhor de engenho, e de Delmina Simões de Mateus de Lima. Cursou parte do primário no município natal, e viria a ser completado no Instituto Alagoano, em Maceió. Transferiu-se para o Colégio Diocesano de Alagoas, onde completou os “preparatórios”. Iniciou, em 1911, a faculdade de Medicina, em Salvador BA, concluindo-a em 1915, no Rio de Janeiro. Ainda em 1915 retorna a Maceió para exercer a medicina. Em 1919, elegeu-se Deputado Estadual pelo Partido Republicano de Alagoas, assumindo a Presidência da Câmara por dois anos. Em 1930, transferiu-se para o Rio de Janeiro por desavenças políticas, e ali na Capital exerceu a clínica médica e foi professor de Literatura Brasileira na Universidade do Brasil. O seu consultório na Cinelândia tornou-se famoso como centro de reunião de intelectuais e amigos. Após a queda do Estado Novo, militou na política, elegendo-se vereador no antigo Distrito Federal, pela UDN. Em 1944, candidatou-se sem êxito à Academia Brasileira de Letras. Em 1952, é fundada a Sociedade Carioca de Escritores (SOCE), da qual foi o primeiro presidente provisório. Faleceu em 15 de novembro de 1953 após longa enfermidade.

CANTO DA DESAPARIÇÃO

Aqui é o fim do mundo, aqui é o fim do mundo

em que até aves vêm cantar para encerrá-lo.

Em cada poço, dorme um cadáver, no fundo,

e nos vastos areais — ossadas de cavalo.

Entre as aves do céu: igual carnificina:

se dormires cansado, à face do deserto,

quando acordares hás de te assustar. Por certo,

corvos te espreitarão sobre cada colina.

E, se entoas teu canto a essa aves (teu canto

que é debaixo dos céus, a mais triste canção),

vem das aves a voz repetindo teu pranto.

E, entre teu angustiado e surpreendido espanto,

tangê-las-ás de ti, de ti mesmo, em que estão

esses corvos fatais. E esses corvos não vão.

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